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A Nossa Terra


Ferreirim - História e Tradição

Ferreirim

Freguesia de Ferreirim do Município de Lamego, freguesia com 5,53 km² de área e 898 habitantes (censo de 2021), e, por isso, uma densidade populacional de 162,4 hab./km².

Freguesia criada em 1835 em substituição da de Santa Maria de Mós que englobava os lugares de Barroncal, Magustim, Mós e Rossas a que se juntaram os de Ferreirim de Baixo, Ferreirim de Cima e Vila Meã desmembrados da Freguesia de Tarouca.
Pertenceu ao Concelho de Tarouca até 1896 e, a partir daí, ao de Lamego.
Tem actualmente cerca de 900 habitantes que vivem, essencialmente, da construção civil, serviços sociais e agricultura.

Vila Meã

Vila Meã

Não há dúvida de que se trata, em origem, de uma “villa” agrária muito anterior ao século XII, por certo com origem na “civitas Tarouca”, o forte castro de um monte que domina este lugar e se ergue entre ele e o de Dalvares.

Que a origem é pré -nacional prova-o o facto de logo na primeira metade do século XII o lugar ter constituído na sua maior parte uma honra do inclito Egas Moniz, aio de D. Afonso Henriques, que talvez já a tivesse de antepassados.

Na “villa” além da honra, havia apenas a mais uma “cavalaria” (herdade de cavaleiros – vilãos, por foro a que a “terra” de Tarouca, onde o lugar se incluía, havia sido povoada), e talvez uma jugaria (herdade de jugadeiros ou peões, vilãos).

No tempo de D. Dinis a aldeia de Vila Meã (não estava já na posse de fidalgos nos finais do século XIII. Uma explicação pode estar na venda a vilãos da paróquia de S. Pedro de Castro Rei, isto é, Tarouca) há dois casais de Salzedas (mosteiro) e um da Sé de Lamego e dez de herdadores, e cada um traz os seus por honra, porque, dizem, foram “filhos de algo”.

D. Dinis eliminou a honra: “Sejam todos devassos, e entre aí o mordomo de el-rei, por todos os seus direitos”. 

Com a eliminação da honra, "cessou a história" do lugar.

Este foi da freguesia de Tarouca até 1848, ano em que , extinguindo-se a de Mós, foi criada a de Ferreirim abrangendo a extinta e este lugar. Numa memória do Mosteiro de Salzedas do tempo de D. Dinis diz-se:
“ E Vila Meã era da honra de Gouviães e demandava-a Gonçalo Gonçalves “Bezerra” por sua, e houveram sobre ela ‘conselho’, e vieram a pelejar, e morreram muitos, e ficou Vila Meã aos de Gouviães”.

Paio Cortês, deve ter tido a honra de Gouviães por préstamo, dado por Egas Moniz àquele seu vassalo e razão da contestação que no tempo de D. Sancho II opôs o Senhor de Mós, descendente directo de Egas Moniz e, por isso, crente dos direitos à honra de Vila Meã, aos netos de Paio Cortês a quem a concessão fora talvez feita temporariamente. À falta de títulos, a questão resolveu-se pelas armas.

Tradições e Actividades Económicas

Desde sempre, a população de Vila Meã e arredores dedicou-se à agricultura, especialmente aos viveiros de hortícolas, à viticultura e à olivicultura e, mais recentemente, à construção civil. A proximidade com a região vinícola do Douro contribuiu para a aposta na cultura da vinha. As Caves da Raposeira e da Morganheira absorvem maioritariamente a produção de uvas destinada aos seus vinhos espumantes. As restantes são vinificadas pelos produtores de forma tradicional nos seus lagares e adegas. Além do vinho, o azeite, os produtos hortícolas e os frutos secos também desempenham um papel importante na economia local.

A modernização agrícola, aliada à valorização dos produtos tradicionais, permite que pequenas explorações continuem a resistir e a preservar as práticas agrícolas ancestrais.

Festas e Romarias

A religiosidade tem um papel central na vida da comunidade, com destaque para:

Festas em honra do santo padroeiro – Incluem procissões, missas solenes e arraiais populares. Festas de Santo António, Nossa Senhora da Guia, Santa Bárbara, Festas do Menino em Mós e São Bento em Rossas.

Romarias a Lamego e à Senhora dos Remédios – Muitos habitantes de Vila Meã participam anualmente na famosa Romaria de Nossa Senhora dos Remédios, uma das maiores de Portugal mas também participam nas Festas de São Miguel e São Pedro em Tarouca.

Vindimas e Tradições Agrícolas

A vindima é um dos momentos mais importantes do ano, sendo celebrada com entusiasmo e espírito comunitário. Durante séculos, os habitantes de Vila Meã colheram as uvas de forma tradicional, utilizando pisas a pé nos lagares e cantando modas populares.

A apanha da azeitona, que ocorre no inverno, é também uma tradição marcante, muitas vezes feita em família ou entre vizinhos.

Gastronomia Local

A gastronomia reflecte os sabores tradicionais do Douro e de Trás-os-Montes, com pratos típicos como:

Conclusão

Vila Meã, Ferreirim e Lamego fazem parte de um território de grande riqueza histórica e cultural. Apesar de pequena, Vila Meã está inserida numa região que soube preservar o seu passado e, ao mesmo tempo, adaptar-se às exigências do presente. A agricultura, e especialmente a produção de vinho e azeite, continua a ser um dos pilares económicos, garantindo a continuidade das tradições e do modo de vida rural que caracteriza esta terra há séculos.


Mós

Mós

Egas Moniz, entre 1128 e 1146, repovoou o lugar ou “villa” rústica, que foi honra sua, e naquele período certamente se construiu nela uma igreja, pois Mós já no século XII é paróquia.
A Paróquia de Mós pertencia ao julgado de Castro Rei e “terra” de Tarouca, e, além das duas vilas rústicas, Mós e Magustim, compreendia vários reguengos: a quinta de Domingos Copo (talvez no sítio de Rossas) e o monte da Pedra de Arca.

O Mosteiro de Ferreirim

Construído nos finais da Idade Média por iniciativa dos últimos Condes de Marialva, cujo túmulo se conserva ainda no interior da igreja, o Mosteiro de Santo António de Ferreirim deve o seu aspecto actual a uma reforma integral produzida durante a primeira metade do século XVI. Em 1525 a Casa foi entregue à Ordem de São Francisco, entrando os primeiros monges dois anos depois. Em 1532 deu-se início à construção da igreja, obra filiada numa mescla estilística manuelino-renascentista. 
No século XVIII, novas obras de remodelação transformaram substancialmente a obra quinhentista, como o demonstra a construção da galilé setecentista, símbolo de austeridade decorativa e que protege hoje o primitivo portal. A igreja é de uma só nave, e nela se conserva parte do conjunto retabular de inícios do século XVI, obra encomendada pelo Cardeal-Infante D. Afonso, filho de D. Manuel e executada em parceria por três dos mais importantes pintores activos em Portugal nessa altura - Cristóvão de Figueiredo, Gregório Lopes e Garcia Fernandes-, designados por "Mestres de Ferreirim". 
Integrada na parte conventual subsiste uma torre militar medieval, símbolo do primitivo povoamento da localidade após a definição de Portugal como reino independente, depois reformada e hoje completamente restaurada.

Extinto em 1834, a sua igreja foi convertida em igreja paroquial e as dependências conventuais vendidas em hasta pública e parcialmente desmanteladas ou caídas em ruína. Classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1944, em 2001-2005 a igreja e seu recheio foram sujeitos a restauro.
A integração, em 2009, no Projeto Vale do Varosa, juntamente com mais dois monumentos (Mosteiro de São João de Tarouca e Mosteiro de Santa Maria de Salzedas), possibilitou a recuperação da área conventual remanescente, onde foi instalado o Centro Interpretativo do convento, aberto ao público desde julho de 2016.

 

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Bagueixe, Macedo de Cavaleiros – História e Tradição

Bagueixe

Bagueixe é uma povoação do Município de Macedo de Cavaleiros que foi sede da extinta Freguesia de Bagueixe com 9,88 km2 de área e 125 habitantes (12,6 hab/km2)

A Freguesia de Bagueixe foi extinta (agregada) pela reorganização administrativa de 2012/2013, sendo o seu território integrado na então criada União de Freguesias de Talhinhas e Bagueixe.

A União das Freguesias de Talhinhas e Bagueixe é uma freguesia do município de Macedo de Cavaleiros, com 35,25 km² de área e 262 habitantes (censo de 2021). A sua densidade populacional é 7,4 hab./km².

Fez parte do concelho de Izeda e foi desanexada em 1855, passando a integrar o concelho de Macedo de Cavaleiros.

Com uma paisagem marcada por montes e vales típicos do nordeste transmontano, esta localidade conserva uma forte identidade rural e cultural.

Origens e História

A ocupação humana na região remonta a tempos muito antigos, havendo vestígios da presença de povos pré-romanos e romanos. A proximidade de vias com a antiga cidade romana de Aquae Flaviae (actual Chaves) e outras vias romanas sugere que Bagueixe poderá ter sido um ponto de passagem ou até um pequeno núcleo agrícola durante a ocupação romana da Península Ibérica.

Na Idade Média, a região de Macedo de Cavaleiros começou a ganhar importância devido à reorganização do território após a Reconquista Cristã. O nome Bagueixe pode ter origens ligadas à língua mirandesa ou a expressões arcaicas do português medieval.

Durante séculos, Bagueixe foi uma aldeia essencialmente agrícola, onde a subsistência das famílias dependia da terra e da criação de gado. O isolamento relativo da região ajudou a preservar tradições e modos de vida que, em muitos locais, já se perderam.

Tradição e Cultura

Como muitas aldeias transmontanas, Bagueixe mantém vivas algumas tradições antigas, como as festividades religiosas, onde se destacam as romarias e festas populares em honra dos santos padroeiros São Roque e São Paio. A religiosidade e o sentido comunitário sempre foram fortes entre os habitantes da aldeia.

A arquitectura tradicional, com casas de pedra e telhados de ardósia, ainda pode ser vista em alguns pontos da aldeia, apesar da modernização que se foi impondo ao longo das décadas.

A gastronomia local reflecte os sabores transmontanos, com destaque para a carne de porco, o fumeiro (chouriços, alheiras e salpicões) e os pratos de caça, como o javali e a perdiz.

Economia e Actividades Locais

A economia de Bagueixe sempre esteve ligada à agricultura e pecuária. Os solos da região são propícios ao cultivo de azeitona, castanha, amêndoa e cereais, além da pastorícia. O azeite transmontano, reconhecido pela sua qualidade superior, nomeadamente o seu azeite da variedade maioritariamente santulhana é um dos produtos mais valorizados da terra.

Nos últimos anos, houve um esforço para valorizar os produtos locais e atrair visitantes através do turismo rural, promovendo o contacto com a natureza e as tradições da aldeia.

Presente e Futuro

Como muitas aldeias transmontanas, Bagueixe enfrenta o desafio da desertificação rural, com a diminuição da população residente e o envelhecimento dos habitantes. No entanto, há esforços para revitalizar a aldeia através da valorização dos produtos locais, do turismo rural e da melhoria das infra-estruturas.

Os novos projectos agrícolas, aliados a um interesse renovado pelas tradições, têm permitido que algumas famílias regressem às origens para apostar na produção sustentável de azeite, frutos secos e outros produtos regionais.

A ligação com os emigrantes também desempenha um papel importante. Muitos filhos da terra regressam para as festividades, mantendo vivo o vínculo com a aldeia.

Conclusão

Bagueixe é um exemplo das pequenas aldeias transmontanas que souberam preservar o seu passado agrícola e cultural, apesar das mudanças ao longo do tempo. Enraizada na paisagem e nas tradições de Trás-os-Montes, continua a ser um local onde a história e a autenticidade da vida rural permanecem vivas.

 

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